Ao aproximarmo-nos do mês que para muitos é sinónimo de férias, achámos que seria a altura ideal para dar umas semanas merecidas de descanso ao blog da Softway. Mas até lá, e na esperança de amenizar o síndrome de FOMO (fear of missing out) que nos consome, propomos que os nossos leitores nos levem consigo de férias, sob a forma de um conjunto de temas, que em ambiente de copofonia veranil, possam partilhar à mesa, entre amigos e família.
- O paradoxo da tecnologia e da criatividade: IA, uma aliada ou uma adversária
A relação entre a humanidade e os avanços tecnológicos é no mínimo paradoxal. Embora envolta numa aura de otimismo e de fascínio, a tecnologia carrega na sua essência um desassossego secular. Este receio residual que nos atormenta, parece estar profundamente enraizado em nós. Talvez provenha da nossa herança greco-latina, ao nos lembrarmos do destino fatídico de Prometeu, entre outros mitos alegóricos, nos quais os heróis se deixam levar pela hybris e são severamente punidos pelos deuses. Poderá também surgir da memória coletiva das grandes guerras do século XX, que moldaram, por sua vez, a natureza dos conflitos modernos?
Seja qual for a razão que nos leva a sentir esta inquietação, que estas histórias sirvam para nos relembrar da importância de refletir sobre o impacto dos vários avanços tecnológicos do nosso tempo. A tendencia tecnológica mais recente, que nos tomou de assalto foi a IA (inteligência artificial). Esta tecnologia, concentra em si um potencial imensurável e já é utilizada em vários sectores da nossa sociedade (desde a saúde, aos transportes, às finanças, etc). Na Softway, temos vindo a explorar programas de IA generativa, como o ChatGPT e o Midjourney. Estes programas foram concebidos para criar conteúdos novos e originais, como imagens, música, texto e outras formas de media. Contudo, será que esta tecnologia veio tornar a criatividade humana redundante? Ou será que, pelo contrário, deve ser vista como uma aliada à criatividade?
- Biometrics and Identity Technology: Um acto de equilíbrio
A biometria e a tecnologia da identidade oferecem uma série de vantagens e desvantagens. Por um lado, proporciona um método de autenticação extremamente seguro, uma vez que se baseia em características físicas ou comportamentais únicas, tais como impressões digitais, padrões da íris ou características faciais. Algo que, por sua vez, reduz significativamente o risco de roubo de identidade e de acesso não autorizado.
Outra vantagem, prende-se com o facto da autenticação biométrica ser rápida, eficaz e fácil de utilizar, principalmente ao compararmo-la com os sistemas tradicionais de autenticação, que se baseiam na criação de palavras-passe.
No entanto, a recolha e o armazenamento de dados biométricos sensíveis, aliados à falta de regulamentação clara, levantam questões sobre a proteção dos dados e sobre a sua potencial utilização indevida por empresas que os recolhem (por exemplo, partilha de dados por terceiros). Mas o que é que acontece no caso de haver data breaches? Os dados biométricos, uma vez comprometidos, não podem ser alterados como uma palavra-passe. Como podemos saber se as empresas às quais confiamos estes nossos dados têm implementadas barreiras robustas de cibersegurança que protegem a nossa identidade de cair nas mãos erradas?
- Ética e Privacidade de Dados
Deviam ser sinónimos, mas nem sempre é o caso. Bruce Schneier resume a conjuntura atual com uma precisão sagaz que nos assola espírito: "Data is the pollution problem of the information age, and protecting privacy is the environmental challenge”. O rápido avanço da tecnologia deu origem a um dilema crescente em torno da privacidade e da ética de dados.
As informações pessoais são recolhidas, armazenadas e analisadas sem o pleno conhecimento ou consentimento dos utilizadores, o que suscita preocupações quanto à potencial utilização indevida e exploração por parte de empresas, governos e outras entidades. Encontrar um equilíbrio delicado entre a utilização dos dados para fins benéficos e o respeito pelo direito dos utilizadores à privacidade é um dos maiores desafios da atualidade.
Como já foi referido anteriormente, a falta de regulamentação clara e de mecanismos de responsabilização é um fator agravante. À medida que a sociedade se debate com estes desafios, a necessidade de estabelecer leis robustas de proteção de dados, promover a transparência e cultivar uma cultura de práticas éticas em matéria de dados nunca foi tão crítica para salvaguardar a privacidade dos utilizadores.
Esperemos que estes temas deem que falar. Boas Férias e não se esqueça de deixar o telemóvel para trás! O nosso blog vai de férias e regressa em meados de setembro.
“Meals make the society (…) The perfect meal, or the best meals, occur in a context that frequently has very little to do with the food itself.” - Anthony Bourdain