A Criatividade, com C maúsculo naturalmente, dita de tal forma o seu papel na empresa, que lhe devem o nome. São estas as cabeças incansáveis responsáveis pelo grafismo de centenas de sites que temos atualmente online. O seu papel passa por traduzir as ideias e necessidades dos clientes em experiências visuais e interativas únicas, assegurando que cada projeto se destaca não só pela sua funcionalidade e rigor técnico, mas também pela originalidade e estética.

Em contrapartida, o papel de um gestor de projeto, envolve uma série de tarefas mais operacionais e não tão criativas: passa por desenvolver propostas, rever orçamentos, analisar o mercado, gerir o cronograma e a ordem de trabalhos de toda a equipa e planear as semanas de acordo com os milestones a entregar. Mas sobretudo, antecipar eventais problemas, rever o plano inicialmente traçado sempre que necessário, e reunir permanentemente com todos os envolvidos, clientes incluídos.

Mas estará então a criatividade reservada para trabalhos claramente “criativos”, como o de um web designer? Poderá a criatividade ter um papel na gestão eficaz dos projetos e de uma equipa?

O mito: A criatividade é dos criativos
A verdade, é que desde que integrei a equipa de gestão de projeto da Softway em setembro do ano passado, tenho tido o privilégio de assistir em primeira-mão ao que só pode ser descrito como a arte de trabalhar de forma criativa. Nestes últimos meses, tenho observado como, quando enfrentada com os problemas mais complexos, a equipa de gestão de projeto encontra soluções surpreendentes e menos convencionais, que não só resolvem os obstáculos mais óbvios, mas também melhoram os processos de forma significativa e duradoura. Muitas vezes, na corrida semanal do cumprimento de prazos apertados é precisamente essa abordagem criativa que nos permite encontrar alternativas eficazes, garantindo que os projetos sejam entregues atempadamente, mantendo, naturalmente a qualidade e o rigor expectáveis.

Planear: O antónimo da criatividade?
Planear, planear, planear e planear ainda mais! Eis o estériotipo de um gestor de projeto. Em bom rigor, planear é essencial para o bom funcionamento de qualquer empresa, não só para garantir o cumprimento de prazos, mas também porque é precisamento o ato de planear que nos permite ter a segurança necessária para desviar dos planos. Confuso? Penso que foi o escritor Afonso Cruz que, quando confrontado com a curiosidade de uma criança “Porque é que temos de ir à escola?”, respondeu “a escola é o melhor sítio para aprender a faltar às aulas”. Da mesma forma, planear é precisamente o que nos permite sair do plano.

Assim, planear pode ser uma ferramenta essencial para garantir que há tempo para a liberdade criativa. Planear um projeto não passa apenas por criar uma linha temporal no Excel e tentar fazer um exercício de futurismo. Envolve antecipar possíveis desafios, claro, mas também ter uma visão global e estratégica do todo, para que a equipa tenha o tempo necessário para criar livremente. Nesta dança estratégica, torna-se também essencial pensar de forma criativa sobre como alocar recursos, motivar a equipa, e lidar com imprevistos sem nunca comprometer o progresso. Nós, os “chatos do planeamento”, temos de ser, de certa forma, uma espécie de guardiões da Criatividade. Sem planos bem definidos não há espaço para a criatividade e sem a criatividade não há websites magníficos a ir "para o ar".

Conclusão
Tenho bem presente que, ao contrário dos nossos designers, não fui abençoada à nascença com esse gene criativo. Sei também que a nossa equipa de designers tem um dos trabalhos mais difíceis e assustadores possível – criar. No meu caso, se confrontada pela terrível folha em branco, a minha reação seria de total pânico. Estou certa que, de repente, a minha tediosa folha de Excel ganharia todo outro apelo. No entanto, reconheço que, como gestora de projeto, me vejo regularmente desafiada a aplicar soluções criativas no meu trabalho e percebo o conceito de criatividade de forma mais ampla: uma ferramenta indispensável para enfrentar os desafios que surgem no dia a dia.

Da mesma forma, consigo perceber que, a criatividade no seu conceito amplo, não está confinada ao âmbito do design e que pode ser um recurso valioso na gestão de projetos e de equipa. Aliás, tenho a sorte de ver exemplos muito práticos disso todos os dia