É uma oportunidade para impulsionar conversas sobre igualdade de género e liderança. Neste contexto, Lean In: Women, Work, and the Will to Lead, de Sheryl Sandberg, ex-COO da Meta (antigo Facebook), continua a ser uma leitura poderosa e relevante. Embora tenha sido publicado pela primeira vez em 2013, o livro parece mais atual do que nunca no que toca às questões das mulheres na liderança. A obra incentiva as mulheres a abraçarem a ambição, desafiar normas sociais e reivindicar papéis de liderança em todas as indústrias.
A Filosofia “Lean In”
Sandberg argumenta que as mulheres se retraem frequentemente por causa da dúvida, do síndrome do impostor ou do medo de serem julgadas. A autora exorta as mulheres a “lean in”—ou seja, a correr riscos, a expressar-se e a afirmar-se. “O que farias se não tivesses medo?”, pergunta ela, incentivando as mulheres a reconhecer e superar as suas próprias barreiras internas.
Um dos conceitos centrais do livro é a ideia de conquistar um lugar à mesa—as mulheres devem reclamar ativamente o seu espaço na liderança, em vez de esperar por permissão de terceiros. Sandberg ilustra este ponto com uma história do seu tempo no Facebook, em que uma executiva sénior hesitou em sentar-se na mesa principal de uma reunião, preferindo ficar no fundo da sala. Para Sandberg, este momento simboliza como as mulheres são frequentemente condicionadas a afastar-se em vez de assumir posições de liderança. A sua mensagem é clara: “A liderança pertence a quem a assume.”
Barreiras e Preconceitos
Embora Lean In enfatize o empoderamento individual, o livro também destaca a chamada double bind—o dilema em que mulheres em cargos de liderança são vistas como demasiado agressivas quando afirmam autoridade ou demasiado brandas quando adotam uma abordagem colaborativa, enquanto os homens que apresentam os mesmos comportamentos são elogiados.
Os preconceitos inconscientes continuam a moldar as dinâmicas laborais e, apesar de muitas organizações reconhecerem o problema, ainda há um longo caminho a percorrer. Sandberg partilha um episódio revelador dos seus primeiros dias no Facebook: apesar de ser uma executiva, apercebeu-se de que não havia casa de banho para mulheres perto dos escritórios da direção. Este detalhe aparentemente pequeno refletia uma realidade maior—havia tão poucas mulheres naquele nível de liderança que a sua presença era quase uma reflexão tardia.
Sandberg sublinha ainda a importância da mentoria e do sponsorship na progressão de carreira, observando que os homens são mais propensos a ter patrocinadores que defendem ativamente o seu sucesso. Lean In incentiva as empresas a abordar estas disparidades, criando ambientes onde as mulheres tenham as mesmas oportunidades de liderança e crescimento.
O Papel dos Homens na Igualdade de Género
Sandberg destaca que a igualdade de género não é apenas um assunto das mulheres—os homens devem também envolver-se, partilhando responsabilidades em casa e apoiando as mulheres na liderança. Ela reconhece os desafios reais de equilibrar trabalho e família e fala abertamente sobre as dificuldades da gravidez no contexto profissional e a constante tensão entre ambições de carreira e vida familiar. “A gestão da culpa pode ser tão importante quanto a gestão do tempo para as mães”, observa, reconhecendo a pressão sentida por muitas mulheres.
Para que haja progresso real, tanto as empresas como a sociedade devem evoluir, permitindo que mulheres e homens criem um futuro mais equilibrado e justo. Sandberg desafia os papéis de género tradicionais, argumentando que uma divisão mais equitativa do trabalho doméstico permite que as mulheres persigam as suas carreiras com maior liberdade.
Críticas e Legado
Embora tenha sido influente, Lean In também enfrentou críticas por se focar principalmente em mulheres privilegiadas no mundo corporativo, sem abordar de forma mais profunda as desigualdades estruturais mais amplas. No entanto, a sua mensagem central de empoderamento e ação teve um impacto duradouro.
O livro gerou discussões essenciais sobre género e liderança, inspirando mulheres a negociar salários, procurar mentoria e lutar por diversidade e inclusão nos locais de trabalho. Além disso, inspirou a criação das Lean In Circles—pequenos grupos de apoio entre pares, onde mulheres se conectam, mentoram umas às outras e enfrentam desafios profissionais em conjunto. Estes círculos atuam como catalisadores de progresso, ajudando a quebrar ciclos e a tornar os locais de trabalho mais inclusivos e equitativos.
Conclusão
Mais do que um livro, Lean In tornou-se um movimento. À medida que celebramos as conquistas das mulheres este mês, a mensagem de Sandberg continua a ser tão relevante hoje como era em 2013: as mulheres pertencem na liderança, e as suas vozes são essenciais.
“Todos precisam de se sentir mais confortáveis com mulheres líderes, incluindo as próprias mulheres.” Esta afirmação reforça a necessidade de quebrar os ciclos de dúvida e as expectativas sociais, capacitando as mulheres a assumirem papéis de liderança e a reivindicarem o seu valor.
O desafio que se coloca agora é ensinar a próxima geração—tanto mulheres como homens—que as vozes femininas não são apenas válidas, mas fundamentais em todas as áreas da vida.
Ao continuarmos a lean in, a apoiar-nos mutuamente e a impulsionar mudanças sistémicas, podemos criar um mundo onde a liderança feminina seja normalizada e celebrada, e onde a próxima geração cresça num ambiente mais equitativo. Não se trata apenas de promover as mulheres—trata-se de construir uma sociedade onde a igualdade de género seja uma realidade e os ciclos de desigualdade sejam finalmente quebrados.