Não há desmarcações, nem atrasos, há na mesma espaço para uns minutos de partilha e amizade, mas tudo fluí com mais eficácia e menos stress.
Este fenómeno surpreende-me porque resulta numa poupança enorme de tempo e num aumento de eficácia que, em 20 anos de trabalho, nunca tinha visto acontecer a esta velocidade.
Não há cancelamentos em cima da hora que baralham agendas e obrigam a reorganizações constantes, não há tempos perdidos em salas de espera, não há cafés para ajudar a passar o tempo enquanto uns e outros se vão juntando na sala.
Os argumentos dos atrasos, o trânsito e o estacionamento difícil, legítimos ou não, desapareceram e transitamos de uma reunião para a outra sem sair do lugar.
Só acontecem as reuniões necessárias, mas a facilidade aumentou a necessidade e não hesitamos em marcar dezenas de reuniões semanais porque não obrigam a grande logística e é sempre bom trocar impressões numa call ou numa meeting no teams, no zoom … online.
O confinamento não nos afastou de clientes e parceiros, trouxe-nos outras formas de proximidade digital, mais reuniões e menos atrasos, com o privilégio de nos entrarem pela reunião adentro gargalhadas ou birras de crianças espalhadas por casas, que viraram escritórios, e bebés ao colo de mães e pais corajosos que continuam a dar tudo nestes tempos diferentes.
Para quem me leu até aqui fica a partilha de uma portuguesa habituada a correr de reunião para reunião, contra o trânsito e contra o tempo, que descobriu agora as maravilhas da pontualidade britânica. E fica a confidência que, mesmo assim, nem tudo é perfeito, já aconteceu deixar esquecido um cliente numa call agendada para as 12:30, porque o meu filho mais novo apareceu às 12:00 a dizer: “Mãe, estou cheio de fome, podemos almoçar mais cedo hoje?” … e os filhos vencem sempre e fazem-nos esquecer do mundo :)
Aos poucos o país irá regressar ao escritório, mas há coisas que já nunca voltarão a ser como dantes e da minha parte, em reuniões presenciais ou remotas, tenho a esperança de me manter pontual!